Não é diamante, mas vem sendo lapidado com paciência conforme matéria do Jornal Correio, assim como as antigas pedras preciosas da Chapada Diamantina, Bahia. O produto é um vinho fino, de alta qualidade.
Produzido com uvas cultivadas aos pés da Serra do Sincorá, o vinho começou a ser planejado em 2012. Foi quando as primeiras videiras experimentais foram semeadas em dois hectares da Fazenda Progresso, entre os municípios de Mucugê e Ibicoara.
Nos últimos 10 anos a produção envolveu inúmeros testes, repetidas provas, recorrentes análises de especialistas. Os vinhos de guarda envelhecidos em barricas também já foram colocados à prova e submetidos ao paladar de exigentes someliers. Tudo em busca do sabor e aroma ideais.
Foto: Reprodução/Jornal da Chapada |
As videiras já ocupam atualmente mais de 50 hectares da fazenda, e os lotes comerciais da bebida devem chegar entre este ano e 2022.
O vinho faz parte de um projeto ainda maior, a instalação dessa nova fronteira vinícola genuinamente baiana. A implantação da rota empreendedora contou com um investimento de R$ 50 milhões e envolve a construção de um hotel. Os produtores rurais acreditam na força e essência da Chapada para o sucesso do empreendimento.
Terroir baiano
Incluir um novo fruto no catálogo agropecuário da região não foi fácil. Sem parâmetros anteriores, os agricultores tiveram que fazer estudos e pesquisas aprofundadas sobre fermentação, adubação e colheita de uvas viníferas em uma área onde nunca houve este tipo de cultivo.
O microclima da Chapada é uma das bases da produção. Segundo os especialistas, esta parte da Bahia possui condições climáticas que não se repetem em nenhuma outra região do Brasil.
Com altitude acima de 1.150 metros, as temperaturas variam de 8 a 24 graus durante a colheita, uma variação considerada ideal para maturação. Também foi adotado um sistema de poda que beneficia a brotação dos frutos. Além disso, a composição do solo e as estações bem definidas favorecem as videiras. Juntos estes fatores potencializam a área como novo terroir, antes mesmo do lançamento do vinho.
A região é tão fértil que os produtores estão mapeando, nos mesmos parreirais, novos “micro terroirs”, pequenas faixas em que as uvas podem se revelar ainda mais especiais. Elas seriam capazes de produzir lotes de vinhos ainda mais raros.
A produção da Fazenda Progresso se junta aos vinhos já fabricados em Morro do Chapéu, também na Chapada Diamantina. Dos parreirais de lá, mantidos por outros oito produtores rurais, já saem nove variedades de uvas, como a Sauvignon Blanc e Syrah, além de vinhos tintos e brancos.
Outra vantagem do cultivo de uva viníferas é que elas consomem 75% menos água do que os cultivos tradicionais. São cerca de 70 milímetros de água por ano. A baixa demanda hídrica das videiras atende a uma preocupação dos próprios agricultores. Nos últimos anos eles tiveram que adaptar as plantações à baixa oferta de água na região. Para continuar produzindo alimentos, a estratégia foi aumentar a produtividade usando tecnologia e ocupando menos espaço.
A produção do vinho já emprega centenas de pessoas na Fazenda Progresso.
A produção também conta com um sistema de rastreabilidade. Ele permite controlar e monitorar vários detalhes da produção, entre eles os insumos usados na lavoura, a quantidade colhida e o momento em que a adubação foi realizada. Em um laboratório instalado na própria fazenda, os lotes passam pela análise de profissionais que fazem a inspeção e o controle da produção.
Empresas de vinho nacional e também de diversos países, estão prospectando junto ao governo da Bahia, como devem proceder para se instalarem na região. Fonte – Acesse Politica.