Parte da Bahia está sendo atingida por uma nova onda de calor que atingiu o Brasil nesta quinta-feira (14), com temperaturas máximas podendo superar 40°C no final de semana, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O órgão indica que 57 cidades baianas serão impactadas pela massa de ar quente, que também atinge estados do Centro-oeste, Sul, Sudeste e áreas das regiões Norte e Nordeste. Essa é a quinta onda de calor que atinge a Bahia neste ano.
O cenário deve ser mantido até o próximo domingo (17). O Inmet emitiu um aviso meteorológico, indicando os níveis de perigo conforme a persistência da massa de ar quente em determinadas áreas: permanência do fenômeno de 2 a 5 dias representa perigo potencial, enquanto de 3 a 5 dias indica perigo. Caso a onda permaneça em uma região por mais de cinco dias, o aviso é de grande perigo.
A onda de calor se dá pela atuação de uma massa de ar quente e seca, com o registro de temperaturas máximas 5°C acima da climatologia média de três a cinco dias, como explica a meteorologista do Inmet Andrea Beltrão. No entanto, as temperaturas podem ficar acima da média após o domingo devido a intensidade do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico.
“O El Niño ainda está com intensidade forte. Ele deve ter um pico maior em dezembro e janeiro. A partir de fevereiro, a intensidade diminui, mas, ainda assim, vai influenciar as condições do tempo e do clima, com prazo para ir, pelo menos, até o outono de 2024“, explica.
Apenas em 2023, nove ondas de calor atingiram o Brasil. A principal delas atuou entre os dias 8 e 19 novembro, com recorde de temperatura de 44,8°C, registrada na cidade Araçuaí, em Minas Gerais, no último dia 19. A marca superou a maior temperatura registrada por estações do Inmet, superando a máxima de 44,7°, registrada na cidade de Bom Jesus, no Piauí, em novembro de 2005.
De acordo com Andrea, a frequência da atuação de um anticiclone no Atlântico favorece a manutenção dessas massas de ar seco e quente, que mantém o calor e as altas temperaturas em certas regiões do país.
No último dia 30, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) apresentou um panorama da atual situação climática do planeta por meio da versão provisória do Estado Global do Clima 2023. O documento indica que o ano de 2023 é o mais quente em 174 anos de medições meteorológicas. Até outubro, a temperatura média da superfície global era de 1,4 °C acima da média de 1850/1900. A marca supera os anos de 2016 e 2020, que registraram 1,29°C acima da média e 1,27°C acima da média, respectivamente.
Ainda conforme o documento da OMM, os anos mais quentes da história serão os últimos nove, entre 2015 e 2023.
Quem sofre com o calor
Dias mais quentes mudam completamente a rotina de moradores do interior da Bahia, região mais afetada por esse tipo de fenômeno. Essa é a situação do comerciante Edielson dos Santos, 55, proprietário de uma sorveteria em Ibotirama, cidade que registrou a segunda temperatura mais alta do Brasil no último domingo (10), com 39,3°C, atrás apenas de Bom Jesus da Lapa, que teve uma máxima de 40,1°C.
Os impactos do calor extremo são refletidos principalmente nas contas de luz e água do comerciante. De acordo com Edielson, o valor do boleto de energia elétrica aumenta em 15% em comparação a agosto, mês em que estamos no inverno e as temperaturas são mais amenas. Isso acontece porque o uso de condicionadores de ar salta de 5 para 15 horas por diariamente.
“Em dias mais frios, ligamos o climatizador entre 4 a 5 horas. Já nos dias mais quentes, como esses que estamos vivendo agora, ligamos às 9h e só desligamos 00h. Muitas vezes, as pessoas nem saem de casa por causa das altas temperaturas“, explicou.
Por outro lado, como comerciante de sorvetes, Edielson explica que há um faturamento maior quando o calor excessivo é registrado na cidade. Segundo ele, as vendas de sorvete crescem 50% ou mais.
Foto: Vinícius Silva | Vinny Publicidade